quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Extractos II

...............
- Desculpe-me minha cara, se não suporta a escuridão não me suporta a mim. Eu sou a escuridão, por onde passo tudo fica negro e acho que já lhe causei mal suficiente. A minha vida é negra! Exclama Jonas preparando-se para sair.
- Não me deixes só, eu posso trazer um pouco de luz à tua vida!
- Achas? Desculpa ser tão cruel, porque estavas a passear à noite com o teu miserável cão que tu tanto amavas e não estavas em casa a iluminar uma família? Se tens assim tanto brilho, tanta luz porque estás só? Desculpa-me minha querida por hoje para negrura chego eu!
................

Em "Jonas o Louco" de Jimmy

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Extractos...

- Quando lhe perguntei ele começou a divagar quando reparei que estava a fazer um poema.
- Um poema? Ele escreve?
- Era mais ou menos assim:

Formaram-se nuvens no céu, nuvens de tempestade
Ouviram-se relâmpagos a brilhar no escuro da minha alma
Desmembrados corpos de paixões antigas ressurgiram
Ígneas lanças da desconfiança me atravessaram
Destruindo todo um firmamento de estrelas cadentes
Assim morreu a minha alma atormentada.

- E ele deu algum significado a esse poema?
- Sim! Chamou-lhe “Minha Vida Está…”! E nunca percebi porquê!

Em "Jonas o Louco" de Jimmy

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Luzes

Ardia Marte no seu fulgor
demoinhava espiritos arrebatados
nadava num universo de cores fluidas
irmanava o desejo com o afecto
corcel louco de paixão
urrando e bramando sua fúria
louco, morria

descalço correndo
gritando
chorando
sua tristeza no fim
sentado olhava
lagrimas que corriam
esmagadoras
arrebatadores
coração ao pulos
vomitado em golfadas
de bílis
amarga
amarela
do ódio

as estrelas lá estavam
no céu
sem se mexer
imutáveis
um dia serei uma delas
até lá sou nada
espero e olho

a dor regressa
o esgar espreita sorridente
riso alvar
de nada

pequenas luzes brilham
no horizonte
pulam e dançam
luzinhas brilhantes
longe como as estrelas
caindo
de inútil mão estendida
de sorriso cinzento
de quem se afasta
levado pelo vento
pela maré
ao sabor do destino

O Natal

A cena passou-se na Beira, Moçambique.
Naquele tempo por imposição paternal íamos á missa do Galo no Natal, o que era uma chatice pois atrasava a abertura dos presentes e diga-se de passagem, também nunca fui muito de ir á missa.
Regressávamos a casa vindos da catedral da Beira, entrámos na rotunda do cinema S.Jorge, era noite de Natal, quando vimos, á esquerda, sentado num muro baixo um homem com a cabeça entre as mãos. Chorava desconsoladamente.
Nunca soube a razão e nunca me esqueci dessa cena. Todos os Natais lembro-me dela...
Hoje desejo que essa criatura tenha encontrado a paz que merece.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O velho

a criança queda-se assustada
são nuvens negras de tempestade
sossega o velho
sentando-se e olhando
com desalento
observando a tormenta que se aproxima

a chuva já corre em rios
de miséria podre
juntando-se ás lágrimas do velho
cheiro pestilento de fezes
de carneiros assustados
trovões ribombando nos céus
iluminando a cara do velho

chora a vida que perdeu
pelo engano insidioso
pelos caminhos tortuosos
adocicados
da traição
o velho chora
a criança jaz morta a seus pés
inerte e fria
como a sua alma

cambaleia para o seu destino
trôpego e velho
desgastado
olhar insano
rugas de dor rugindo nas suas entranhas
tropeça nas pedras
de uma calçada imensa
caminho de um calvário
cruzes que carrega
com o coração cravejado de espinhos

pontas lacerantes
penetradas na carne
profunda
infectada
podre

o velho caminha
rumo ao azul
onde já nada brilha
frio
morto
mas sem o saber

sábado, 11 de dezembro de 2010

Sono

Estou com sono
cansado
turbilhões rodopiam
loucos
pensamentos insanos
apetece-me encostar a cabeça
numa pedra
macia
adormecer sem sonhos
sem mágoas
cansado
sem forças
os olhos a arder
de lágrimas teimosas
salgadas
ácidas
áridas de paixão
soltas de emoção

Pedra branca e fria
macia como um seio
fria como o seio
de uma Vénus de mármore
inerte e morta

Encolho-me e espero
O sorriso que não vem
a carícia ausente
os olhos fecham-se lânguidos
de desilusão

Estou com sono e a vida embala-me
Quero dormir e não me deixam
Pequenos fantasmas me assolam
mente desgarrada que não acredita
que se agarra
loucamente
ao cabo levado pela corrente
sobre as vagas que embalam
a um sono profundo

Estou com sono
Sentado olho sem ver
imagens e números
tela branca
macia e árida
com o seio de um estátua de mármore

Soluço, um simples soluço
E vejo o azul, frio
coberto de espuma
branca e fria
como o seio
de uma estátua de mármore.

Vino Veritas

Antes estivesse bêbado
assim a morte seria menos dolorosa
morte de uma vida
que não serviu para nada

morte que cheira a podre
de anos a feder
porcaria imensa

escondida, arrumada
no canto do caixão

Mas bêbado continuo a acreditar
que um dia a morte
me abra a sua boca
para aquele beijo
beijo de morte
doce
falso

bafo de álcool
pestilento
bílis vomitada
amarela
como fogo
que consome minhas entranhas

continuo a sorrir
nem bêbado nem morto
sorriso alvar
daquele meu amigo
que voltou a espreitar
meu espírito inquieto
que volta a cair
num turbilhão de ondas
vagas salgadas
da minha paixão
inútil....

Jimmy, 12 de Dezembro 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Hoje...

è penoso mas é vero
estou farto desta merda toda
porque raio esta cabeça não explode
numa explosão de merda
mais um dia que passa
mais um suspiro
mais um passo em frente

Foz

Águas revoltas e borbulhantes de vida
escoam alegremente leito abaixo
leito mil vezes corrido
aberto
arrancando pedaços de vida

fluxo de vida de encontro a escolhos
pedras negras de vida, vermelhas de morte
atravessam os caminhos
desse rio de águas revoltas e borbulhantes

pedras grandes e grãos de areia
misturam-se no rio, nas aguas pulsantes de vida
criando a vida, moldando a vida
dessas águas revoltas e borbulhantes

perdendo a força, perdendo o brilho
ficam as pedras tais obstáculos
negras nas margens
vermelhas no fundo
a areia a correr, escoando o resto da vida
depositando-se no fim
estrangulando tudo
energia perdida, morta, gasta, sem brilho
vida que antes era revolta e borbulhante
hoje um mar de lama
uma alma no mar
no oceano dos espíritos ignorantes
de pedras negras e pedras vermelhas
pedras de morte e vida
pequenos obstáculos
de uma vida.

Rio Azul

Uma explosão de vazio
uma percepção de vazio
oco escuro e negro
dor profunda aperta meu peito

não choro, não lamento
apenas a dor lenta que regressa
negra e voraz, abrindo suas fauces
engolindo a minha alma sem pressa

já não reajo, já nada sinto
além da dor crua e fria
que gela meus olhos
lágrimas que teiman em não cair

Não existem, secas como a vida
Áridas de sentimentos e paixão
deserto de areia negra do vulcão
em que se tornou o meu coração

e olho, morto e sem vida
morto e sem alma
rio-me da vida que se escoa
que passa por mim gargalhando
deixando-me exangue, de olhar louco

suspiro e tudo falha
turbilhão de pensamentos o tempo que se escoa
a morte chega num compasso de piano
baila á minha volta uma valsa azul
de um rio que secou
já não choro
apenas
espero

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Alguém já matou?????

Uma presa tinha sido avistada, corro, coração ao saltos. Adrenalina invade o meu ser, arrebatando-me.
Chego ao pé de um gigante, árvore enorme no coração de África, árvore velha com a sabedoria dos tempos que no lato da sua majestade me olha, ser pequeno e insignificante que corre histericamente, arma aperrada, pronto a matar.
Num galho, lá em cima, um casal, seres peludos e vivos. Tinham cometido o crime capital. Estavam vivos.
Tremendo de ânsia, tremendo de javardice e animalidade aponto. O tempo tinha parado assim como o meu cérebro, a memória ficou. Disparo-
Uma, duas vezes, o mesmo estrondo, o mesmo coice. e o vazio entrou.
Dois corpos caiem das alturas, mortos, inertes.
Aproximo-me das minhas vítimas, das minhas vitórias.
Hoje uma das minhas maiores derrotas
Dois seres, cinzentos de pelo baço, vazios de vida, desinteressantes, ali mortos. Para nada.
Abandonei a cena levando comigo uma memória que me persegue, que me castiga, que me envergonha.
Dois seres mortos, cinzentos e baços, vazios de vida onde antes havia, apenas, alegria de viver.

Hoje eu estou...

morto sem saber
a morte atroz que me afoga
num soluço
num desespero
triste
Hoje eu estou
vivo
e não sei
não sinto.
Hoje eu estou
louco
pensamentos de revolta
negros
turbulentos.
Eu hoje estou
insano
estupidez que me assola
tesão de mulheres doidas
desejo de ardores mortos
loucura insana
sorrisos
cheiros
sabores
amores antigos
memorias velhas
sonho
morro
acordo
sorriso cansado
tristeza no ar
morreu
acabou
um sorriso, uma piada
amores novos, situações velhas
ardores mortos, sangue gasto
inerte e vermelho, coagulado
sorriso cansado da desilusão
estou morto ou a morrer.
Recuso fazer parte
desta vida, desta morte
quero morrer e viver uma morte.
copo ardente, álcool em brasa
cérebro morto, desejo moribundo
escrevo a miséria
de um vida que se acaba
em pus, purulenta,
brilho que se esmorece
estrela num noite de névoa
negra
lua que se enche
grávida de brilho, de vida
árida e cinzenta
de prata
que escorre na noite,
soluço um suspiro
e adormeço.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Hoje...

Hoje saiu o meu 1º livro
Hoje comemorei..
Hoje bebi...
Hoje dei um murro na parede...
Hoje dói-me a mão!!!!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O livro

No banco do jardim, leio
a chuva cai morrinha e estúpida
livro empapado, palavras molhadas
o romance de uma vida
apaga-se, esvaindo-se numa poça
esfrego os olhos e leio, sôfrego,
o fim do romance de cordel está próximo
os ombros caem-me, está frio, tenho frio
alma gelada e cinzenta, suspiro
A dor afastada, um silencio cobre o meu espírito
o livro cai-me das mãos numa poça de lama
cabeça entre as mãos, sentado no banco
choro a minha morte.

Levanto-me trôpego
o pequeno grupo encolhe-se á volta da cova
recentemente aberta, terra fresca e a cheirar a húmus
cheia de vida, receptiva e voraz
aproximo-me e olho para a urna aberta
madeira tosca de caixote
o meu corpo inerte jaz lívido
gotas de chuva escorrem cara abaixo
como lágrimas que nunca derramei
chove
e eu choro a minha morte

Sou uma estrela...

As estrelas a apagarem-se uma a uma
As trevas envolvendo a tarde que morria
Rodopio neste Universo moribundo
Estou só, de novo...
Sinto-me só
Um peso oprime o meu peito
falta-me o ar, aspiro sofregamente
os poucos segundos que me restam
rodopio lentamente
caio lentamente a noite a instalar-se com fúria
expludo em chamas espalhando fagulhas
novas estrelas que nascem
morrendo de vida efémera
espalhando minhas cinzas
neste céu apagado de vida

domingo, 2 de maio de 2010

O fantasma

Dormia placidamente com os meus fantasmas, sono irrequieto e cheio de dor, morte e angústia. Foi nos meus sonhos que aprendi que a angustia dói mais do que a própria morte, foi uma dor noites sem fim. Quando acordei com um som, barulho já conhecido de tantas noites, o meu filho dirigia-se para a minha cama para se deitar entre os pais, sentindo aquela segurança que só uma criança sente quando dorme no meio dos seus pais.
E esperei que o miúdo subisse á cama, foi em vão, ele não aparecia. Estremunhado levantei-me e olhei, no meio da escuridão iluminada pelo luar que entrava pela janela. Aos pés da cama estava um vulto de uma criança de cabeça baixa, dormindo de pé completamente imóvel. Ensonado cheguei-me ao fundo da cama e estendi-lhe a mão para o puxar…
E o mundo estoirou… a criança levanta a cabeça e não era o meu filho, era um vulto que cresceu desmesuradamente, a fácies sorrindo, um sorriso numa cara branca cinza, os olhos de um negro profundo e um esgar trocista enquanto crescia até ao canto superior da sala… o mundo estourou na minha cabeça e imediatamente ataquei o intruso que se esfumou á minha frente sempre sem deixar de sorrir um esgar de morte enquanto eu escoiceava o ar com murros inúteis.
Parado, de joelhos na cama arfava, coração quase a explodir, de punhos cerrados ainda gemia de terror e combate. Olhava em redor, procurava o meu inimigo, corri para o quarto dos meus filhos e ambos dormiam o sono de criança.
Deitei-me, estava tudo bem e …. passei o resto da noite a ver o sorriso trocista da morte, ainda hoje vejo esse sorriso que brinca comigo tal como uma criança travessa…

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Filosofia de uma hiena louca - textos 2

Um dia acordei e descobri. Tinha perdido a alegria. Ria-me de piadas mas logo a seguir, abria os olhos, e lá estava ela... a minha velha dor.
Ao longo dos anos essa velha companheira começou a minar-me o espírito levando-me muitas vezes ao desespero, essa dor que se imiscuiu na minha vida e que me leva á exaustão.
Hoje estou numa dessas fases, de desespero, de dor, de angústia. Hoje morro mais um pedaço, hoje desejo morrer mais um pouco. A dor que não me larga.
A vida entrou em ciclos, remoinhos autênticos que me prendem e me levam para as profundezas. Primo insistentemente a tecla escape e continuo nas mesmas páginas da teia da minha vida. Não consigo, não quero, não sei... essencialmente não consigo.
Não sei lutar, sei destruir e isso tem destruído muito da minha vida.
O ódio atroz que me assola, a vontade de esmagar crânios, de destruir a estupidez imensa que me rodeia perturba-me... não posso ser assim, tenho de me conter.
Olho á minha volta e não vejo nada, não vejo futuro. Vejo momentos que depressa caem numa modorra lenta e morna.
Olho para trás e vejo uma vida de angustias e lutas pírricas, vitórias e muitas derrotas mas continuo a ser eu e a minha velha companheira de vida, aquela que morrerá comigo, a puta da do que não me larga. E eu, louco, cedo aos seus encantos morrendo todos uns dias um pouco, cedendo até á nossa morte.
Uma caixa de Capoten, uma caixa de Unisedil, uma caixa de Clonix e ouvir "Who wants to live forever" resolvia a minha questão mas até nisso eu sou estúpido, sou teimoso. Puta de dor vais-me matar mas vou-te dar trabalho... e tudo por uma teimosia estúpida.
Nem a dormir tenho sossego... ah!ah!ah! se calhar até na morte não terei sossego, terei aquilo que a igreja chama de purgatório. Aliás o conceito de purgatório é muito pior do que o conceito inferno. No purgatório vive-se a falsa ilusão da redenção, da salvação e isso não virá nunca e nós pobres almas iludidas vamos atrás de uma cenoura celeste a eternidade toda até que alguém olhe por nós e nos salve.
Como pode nos salvar sem destruir aquilo que somos? Só á custa de muito Prozac celestial ou mudar-nos a programação. Isso tudo só nos leva a um fim, á nossa morte real pois deixamos de sermos nós, a nossa identidade acabou-se, morreu e isso é estúpido.
Passar uma vida de sofrimento, uma eternidade num purgatório para alguém nos obliterar pois funcionamos mal? É estúpido ou então não funcionamos mal, apenas não temos os mesmos padrões, não pertencemos a esta realidade, a esta dimensão.
Ainda não escrevi meia dúzia de parágrafos e já estou a discutir com o criador... não tenho cura mesmo. Afinal o purgatório começa na terra, nesta vida.
Vou voltar á minha realidade, á minha vontade de dar um tiro na cabeça, e ir vivendo o meu dia a dia com a minha dor pois ela não terá fim.
O que vale é que ás vezes aparecem umas boas piadas que me fazem rir... mas são tão efémeras.
Tenho os olhos a arder, dói-me o peito, estou triste... suspiro e vou viver mais um dia.

domingo, 25 de abril de 2010

A tempestade

de repente a tarde fez-se negra
explosões e relâmpagos ribombaram
tal como tambores
a chuva caiu miudinha
o frio entrou
tempestade com sabor a África
caiu
arrastando tudo
inundando a minha alma
de águas revoltas e turvas
comecei a afogar-me
no desespero
queria encontrar
e perdi-me

Jimmy, 25 de Abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sons de uma alma

Murmúrios isolados
ondas de paixão
roucos sons exalam
tremendo ao som do pensamento
evoco uma vida passada.

dói-me a cabeça
estou tonto
sinto-me cansado
palavras soltas ecoam no cérebro
imagens dançam a valsa
da morte que se aproxima
agora e depois

derrotado sonho
eterno descanso

vento que sopra
agreste
incisivo
despido de cor
ausente de amor
destruindo o brilho mortiço
estrela que se apagou.

Jimmy, 15 de Abril de 2010

Uma foto


Apenas...

terça-feira, 9 de março de 2010

Abandono

O choque foi brutal
A adrenalina correu como fogo
Incendiando meu coração
O medo cresceu, negro, viscoso
Abri os olhos
E o abismo sorriu, imenso
Mergulhei

Perdido na escuridão
O terror absoluto
O nada
A espera
Do nada
O tempo corria ao som da respiração
Cada golfada a morte que chegava
Surda
Lenta
Negra

O terror gritava
De medo
De solidão

Tão longe uma estrela brilhou
E mais outras
Explodindo no meu cérebro
Todo um universo
Gritando
Está cheio de estrelas!!!!


Jimmy, 9 de Março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

.....

Foi um dia especialmente difícil...

Uma Vida

Estou-me cagando, a dor é minha
Se quero dar um tiro na cabeça, posso faze-lo, pelo menos metaforicamente.
Hoje não me seria difícil, a bala já a tenho
Só me falta o amanhã que existe, que ainda brilha
Mas que ela está cá, está.
A puta da dor que não passa, que me corrói as entranhas
Que me destrói
Merda das lágrimas que teimam em aparecer
Merda de sorriso que teima em morrer
Merda para tudo que estou farto de sofrer
A puta da dor que não quer morrer
Só me resta viver
Uma dor para escrever
Uma vida
Uma dor

Jimmy, 3 de Março de 2010

Que se lixe o amanhã...

Numa sala obscura por uma tarde morta
Numa mesa observo
Toda uma vida a escoar-se
Lenta e dolorosa
Objecto escuro e letal
Frio numa mão quente
Que amou, que desejou
Olho para o exterior já escuro
Onde os raios de sol se põem
Suspiro e bebo um trago
Álcool amargo que queima
Entranhas corroídas pela dor
Objecto duro e frio
Arrepio que atravessa minha espinha
Que se lixe o amanhã
E carreguei no gatilho

Jimmy, 3 de Março de 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Os Sonhos

As nuvens enovelam-se, cor de chumbo
Ar frio e agreste cortava
Caminhava na vereda de pedra solta
Coração aos saltos querendo sair
Golfadas de ar arfando nuvens de vapor
Sonhos desfeitos
De passos lentos indiferente á chuva
Que caía, morrinha e gélida
Escorrendo faces lívidas abaixo
Arrastando pedras de sal
Sonhos traídos
Coração palpitando, chorando
Lágrimas de sangue correndo espessas
Afogando soluços
Caminhava sonhando vidas perdidas
O som dos passos esmagando o cascalho
Ecoava na tarde chuvosa recordando
Doces momentos, doces sabores
Transformados agora em fel
Sonhos mortos
Rosa morta e seca jazendo empoeirada
Nalguma jazida esquecida
Atirada para os recantos de uma memória
Que não sonha nem pranta
Sonhos enterrados
Devorados por viscosos vermes
Retorcendo-se num bacanal sofrego
Fazendo em nada
Os sonhos de uma vida

Jimmy, 2 de Março de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Um banco na marginal

Na marginal, num banco
Sonho, suspiro
A dor sempre presente
A saudade eterna
Mar encapelado lança salpicos de espuma
Sabor a sal molha os meu lábios
Sentado olho o horizonte
Onde a saudade se espraia
O sol põe-se escondendo minhas lágrimas
Enchendo a minha alma de negrura
Foi-se, está no Céu
Morreu, está no meio das estrelas
Brilho mortiço de um sorriso
Noite que avança, escura e negra
Cobre meu espírito de saudade
Sentado num banco da marginal
Choro

Jimmy, 25 de Fevereiro de 2010

O Cão

Dia nublado e frio
Ando tropego coxeando
A fome assola meu estomago
Arfo de dor e medo
Patas gretadas por imensa feridas
Pisam chão molhado e frio
Chove e um manto gelido cobre meu coração
Restos nauseabundos jazem no chão
Enxames de moscas verdes vareja á sua volta
A fome dói saciada no meio de vómitos
Matilha passa ao longe
Fêmea cheirosa sendo perseguida
Esboço um movimento
Reminiscencias de um passado longíquo
Sendo brutalmente travado
Fauces ensanguentadas avisam
Com surpresa vejo
Sangue escuro escorrendo
A sonolência começa a invadir meu espírito
Recordações lá ao longe
Jovem cachorrinho correndo
A vista turva cada vez mais
Procuro um abrigo
Está frio
Escondo o focinho no meio das patas
Aqueço-as com o meu bafo
O frio aperta
O sono que invade
A morte que chega

Jimmy, 25 de Fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Teatro

Estava no teatro
Vendo actores e actrizes
Performando, correndo e declamando
Versos de vida, poemas de amor
Cai o pano
Cinzento
Toda a cena se transforma
A escuridão cobre a plateia
Queda e muda
Sem palmas nem assobios
Saem de cena
Actor convidado esboço mimicas
Sem nexo e sem sentido
Palhaço rico pobre de espírito
Na escuridão de um palco
Sento-me
Sala vazia
Oca de sons
Um soluço de criança
Uma lágrima que teima
Sala negra e sem vida
Silêncio opressor
Deito-me no palco
E adormeço

Jimmy, 24 de Fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

ESTADO DE ALMA

Sentado na beira da estrada
Olhos esgazeados de dor e medo
Ela olha para mim, puta da seringa cheia de felicidade
Entorpecido soluço
Luto
A dor aperta-me a garganta
Sufoco
As lágrimas invadem meus olhos vermelhos
De sangue que escorre da picada indolor
Jacto de fogo enche minhas veias
O coração acelera, ofegante
Corpo fraco, mente doente
E não tenho sossego, a dor continua
O bater mais forte leva-me á loucura
Apertando a cabeça, mãos fracas e trementes
Sinto-a, louca a olhar
Toma-me e beija-me
Amo e odeio
Envolve-me com o seu hálito quente
Leva-me nos seus abraços
Consome-me
Levando-me á exaustão
Levando-me á loucura
Sonho, anseio
Por aquela que não tive e que me beijou
Beijo frio e doce
Embalou-me eu fugi
Desesperado
Sento-me na beira da estrada
E olho, e vejo
Metal frio na minha mão
Cerro os dentes
O sol põe-se numa beleza de cores
A brisa suave traz-me o olor das árvores
Sentindo toda a sua beleza
Tremendo com o frio
De uma farpa a cravar-se no meu coração

Jimmy, 20 de Fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Desejo

Estou louco
Á beira do abismo
Onde fiz o meu ninho, o meu mundo
Minhas asas carcomidas e gastas
Penduradas ao vento
Olho e vejo
De perder de vista
Planície dourada pelo sol poente
Assim como a minha vida
Anoitece
E salto
Grito pungente de desafio e medo
Asas abertas controlando o voo
Olhos em riste para a presa
Mergulho
Chocando com ela que nunca lá esteve
E que sempre me esperou
Dura e negra
Fria como as brumas
Uma explosão negra de dor
Toda uma vida percorrendo o meu espírito
Num segundo
Numa vida
Numa eternidade
Onde flutuo
No nada
Sem nada

Sentindo as lágrimas escorrendo
Rios de lava
Queimando meu espírito
Enfim livre

Jimmy, 19 de Fevereiro de 2010

A Dor

A dor voltou
Insidiosa, fria, decisiva
A dor que nunca foi
A dor do desespero
A dor da tristeza
Que nunca me abandonou
Insana
Sinto a cbeça a explodir
De dor
A dor de uma vida que se estende
Na madrugada dos tempos
Dor imortal
Ácida que corroe
Minhas entranhas, minha alma
Deixando-me inerte

Numa lua árida do desespero
Cinzenta de morte
Que começa a espreitar
Insidiosa
De uma beleza fria
Que me atrai
Ao seu seio
…..
Agacho-me, aninho-me
E descanso

Jimmy, 18 de Fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ULTIMO COMBATE

Planície verde
Salpicada de vermelho de sangue
Dos caídos da batalha insana
No crepúsculo dos tempos
Os demónios atacaram
Luta renhida e sangrenta
Peleja rija coberta de sangue
Sangue do inimigo que se juntou ao meu
Tornando-nos irmãos
De armas, de luta
Espada da mão olhando o sol que se põe
Novos exércitos que se aproximam
A arfar, de sorriso cansado olha para trás
Um resto de exército jaz moribundo no chão
Um lágrima corre teimosa
Uma dor que queima
Uma alma de louco
Suspira
Levanta a espada de gume embotado
Coberta de sangue e pedaços de carne
Inimigos desfeitos, inimigos mortos
Ensombrando meu ser
E ataco
Correndo
Desfalecendo de coração na boca
Palpitando vida a cada batida
Escorrendo de mil feridas abertas
Lutas antigas nunca saradas
O sol explode cegando-me
Cambaleio e cego
De dor e medo
Ataco a morte
Levando-me ao alívio

Lentamente abro os olhos
Sonho, pesadelo
Era real
Cambaleando de fraqueza visto-me
Pego na espada de gume embotado
Sorriu imaginando os corpos trespassados
Estou louco
A adrenalina corre
O tempo lá fora está cinzento
E saio
E ataco
No chão, estrebuchando
Afogado no meu próprio sangue
Vejo-a
Sorrindo esperando por mim
A morte
Que me sussurra palavras
Embalando-me
Até ao nada

Jimmy, 18 de Fevereiro de 2010

sábado, 2 de janeiro de 2010

Voando

De asas abertas
Abraçando o mundo
Pairando
Sentindo o azul
A solidão que assola
Alma errante
De voos alucinados
De fantasias loucas
De rocinantes cavalgadas
Guerras e pelejas
Coberto de cicatrizes abraça o mundo


2 de Janeiro de 2010