quinta-feira, 11 de junho de 2009

Só ...

Um pequeno quarto, cama coberta de roupa desalinhada e almofada toda amachucada, apenas uma pequena mesa-de-cabeceira com alguns artigo por lá atirados.
Estava escuro e eu, sentado, olhava para a janela vendo a escuridão a passar perante os meus olhos, sentia um aperto enorme, sentia a dor da solidão.
Sonhava que me afogava, braços estendidos em direcção á superfície, tábuas a que me agarrava mas que não me impediam de me afogar na maior das solidões.
E o tempo passava, horas, dias, meses e nada conseguia atenuar a dor.
Sinto-me cada vez mais só
Sei que morrerei um dia. Se calhar a dor morrerá aí, se calhar terei o sossego que mereço.
Sentado na cama suspiro e lembro-me, gemo de saudade a solidão volta a avassalar, tremenda e crua….
Suspiro e deito-me, fecho o s olhos e ela olha para mim, fazendo-me sentir só.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O espelho......

Olhava aquele rosto marcado que se espelhava á minha frente, reconhecia nele uma certa vida que se tinha esmorecido ao longo das amarguras.
Olhos cavos e escuros assim como eram profundas e negras as olheiras de muitas noites mal dormidas onde fantasmas se riam de uma lenta fuga da realidade cada vez mais escura e insípida.
Estendia a mão tentando tocar a superfície espelhada, o dedo a aflorar o frio do outro lado, a mão a atravessar sem dificuldade
Num impulso salta para o outro lado sentindo de imediato um frio de apertar a alma, fundo escuro de um queda eterna, um sufocante aperto no peito e mergulhou no espelho da sua perdição desaparecendo nas águas escuros do lago que reflectiam o azul do céu onde se podia notar as brancas nuvens que passavam sem parar impulsionadas pelo bater de asas das aves.
Jazia lá em baixo de olhos arregalados na lama do fundo enterrando-se lentamente para gáudio de milhões de seres.