No banco do jardim, leio
a chuva cai morrinha e estúpida
livro empapado, palavras molhadas
o romance de uma vida
apaga-se, esvaindo-se numa poça
esfrego os olhos e leio, sôfrego,
o fim do romance de cordel está próximo
os ombros caem-me, está frio, tenho frio
alma gelada e cinzenta, suspiro
A dor afastada, um silencio cobre o meu espírito
o livro cai-me das mãos numa poça de lama
cabeça entre as mãos, sentado no banco
choro a minha morte.
Levanto-me trôpego
o pequeno grupo encolhe-se á volta da cova
recentemente aberta, terra fresca e a cheirar a húmus
cheia de vida, receptiva e voraz
aproximo-me e olho para a urna aberta
madeira tosca de caixote
o meu corpo inerte jaz lívido
gotas de chuva escorrem cara abaixo
como lágrimas que nunca derramei
chove
e eu choro a minha morte
Refúgio de um animal acossado pelos seu próprio intelecto, que, pelo que parece, não deve ser muito elevado...
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Sou uma estrela...
As estrelas a apagarem-se uma a uma
As trevas envolvendo a tarde que morria
Rodopio neste Universo moribundo
Estou só, de novo...
Sinto-me só
Um peso oprime o meu peito
falta-me o ar, aspiro sofregamente
os poucos segundos que me restam
rodopio lentamente
caio lentamente a noite a instalar-se com fúria
expludo em chamas espalhando fagulhas
novas estrelas que nascem
morrendo de vida efémera
espalhando minhas cinzas
neste céu apagado de vida
As trevas envolvendo a tarde que morria
Rodopio neste Universo moribundo
Estou só, de novo...
Sinto-me só
Um peso oprime o meu peito
falta-me o ar, aspiro sofregamente
os poucos segundos que me restam
rodopio lentamente
caio lentamente a noite a instalar-se com fúria
expludo em chamas espalhando fagulhas
novas estrelas que nascem
morrendo de vida efémera
espalhando minhas cinzas
neste céu apagado de vida
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