segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Hoje...

è penoso mas é vero
estou farto desta merda toda
porque raio esta cabeça não explode
numa explosão de merda
mais um dia que passa
mais um suspiro
mais um passo em frente

Foz

Águas revoltas e borbulhantes de vida
escoam alegremente leito abaixo
leito mil vezes corrido
aberto
arrancando pedaços de vida

fluxo de vida de encontro a escolhos
pedras negras de vida, vermelhas de morte
atravessam os caminhos
desse rio de águas revoltas e borbulhantes

pedras grandes e grãos de areia
misturam-se no rio, nas aguas pulsantes de vida
criando a vida, moldando a vida
dessas águas revoltas e borbulhantes

perdendo a força, perdendo o brilho
ficam as pedras tais obstáculos
negras nas margens
vermelhas no fundo
a areia a correr, escoando o resto da vida
depositando-se no fim
estrangulando tudo
energia perdida, morta, gasta, sem brilho
vida que antes era revolta e borbulhante
hoje um mar de lama
uma alma no mar
no oceano dos espíritos ignorantes
de pedras negras e pedras vermelhas
pedras de morte e vida
pequenos obstáculos
de uma vida.

Rio Azul

Uma explosão de vazio
uma percepção de vazio
oco escuro e negro
dor profunda aperta meu peito

não choro, não lamento
apenas a dor lenta que regressa
negra e voraz, abrindo suas fauces
engolindo a minha alma sem pressa

já não reajo, já nada sinto
além da dor crua e fria
que gela meus olhos
lágrimas que teiman em não cair

Não existem, secas como a vida
Áridas de sentimentos e paixão
deserto de areia negra do vulcão
em que se tornou o meu coração

e olho, morto e sem vida
morto e sem alma
rio-me da vida que se escoa
que passa por mim gargalhando
deixando-me exangue, de olhar louco

suspiro e tudo falha
turbilhão de pensamentos o tempo que se escoa
a morte chega num compasso de piano
baila á minha volta uma valsa azul
de um rio que secou
já não choro
apenas
espero