sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

CORREDOR DA MORTE

De olhos postos na janela
Mãos agarradas ás grades
Chorava a liberdade perdida
Crimes horrendos tinha cometido
Toda uma sociedade o tinha condenado

Fechado no seu corredor
Clamando inocência sofria
O rio de tempo que escorria

A morte era o seu destino

Fechado
Encarcerado
Pelos fantasmas que o acusavam
Aqueles que o privaram
Da alegria de correr
De cantar
De amar

Fechado no meio de quatro paredes
Nuas e branca
Sem forma
Sonhava com o céu azul

A janela cada vez mais alto
Filtrava um sol negro
Luz cega de dor

Lágrimas escorrendo
De um pranto silencioso
De quem está inocente
Condenado por um crime
Que não aconteceu
Castigado pelo crime
Da imaginação

O fim do corredor está longe
Á espera do perdão
Que não vem
Que não virá
Fantasmas insensíveis condenaram
Guardas surdos aos gritos, cegos ao sangue
Escoltam alma dorida e flagelada
Percorrendo jaulas de loucos e assassinos
Que de olhos vítreos e apáticos
Rindo alarvemente do seu prazer
Vêm o nada, a passar, sem sentir
O que mais precioso existe
A consciência de estar vivo

O relógio que não pára
Batendo os segundos
Ao compasso do coração
Cada golfada um frémito de vida
Um passo para a morte


Não tarda a hora
De enfrentar o meu carrasco
Aquele que me condenou ao corredor
Com um sorriso lhe estenderei a mão
E juntos mergulharemos
No abismo da razão



Cabanas, 6 de Setembro de 2001

sábado, 22 de novembro de 2008

A DOR

Sentado, ombros caídos
Sinto a vida a escoar lentamente
Areia por entre os meus dedos
Fecho a mão e ela corre
Inevitável para o mar
Que me chama com aquele sorriso
Aquele esgar
Que tanto conheço
Respiro fundo
Falta-me o ar
O coração bate á cadência de um louco
E vou morrendo
Devagar
Com um sorriso triste
Estou cansado
Luto
Sobrevivo
O sorriso mantém-se
Chama-me
Estou esgotado
Quero fugir
Quero esconder-me
Quero chorar
E já nem lágrimas tenho
Estou extenuado
Exangue
E vou morrendo devagar
Fecho os olhos
O tempo passa
E um segundo passou
A eternidade passou
E a vida continua
A dor continua
O grito que não sai
O grito de dor
De ânsia
De loucura
De uma explosão que tarda
O grito
Fecho os olhos
Loucas imagens rodopiam
Pedaços de vida
Pedaços de sonhos
Falta-me o ar
Só, escuto
Gritos de alegria
De outros
Atingem-me, destroem-me
Sofro e grito
Grito de desespero
Grito de uma vida que se esvai
Ao som de um relógio
Fecho os olhos
Suspiro
Dói-me tanto
Lágrimas de desespero
Correm secas
Olhos loucos
De alguém que apenas quis
Uma vida


28 de Setembro de 2008
Algures ao largo do Vietname a bordo de um navio com nome de mulher, Britta Theresa

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O sonho...

Dormia um sono agitado quando se abriu a porta do meu pesadelo.
E a vida parou….
Acordei aterrorizado, aquilo não era eu…..

Sorriso da morte...

Dormia placidamente com os meus fantasmas, sono irrequieto e cheio de dor, morte e angústia. Foi nos meus sonhos que aprendi que a angustia dói mais do que a própria morte, foi uma dor noites sem fim. Quando acordei com um som, barulho já conhecido de tantas noites, o meu filho dirigia-se para a minha cama para se deitar entre os pais, sentindo aquela segurança que só uma criança sente quando dorme no meio dos seus pais.
E esperei que o miúdo subisse á cama, foi em vão, ele não aparecia. Estremunhado levantei-me e olhei, no meio da escuridão iluminada pelo luar que entrava pela janela. Aos pés da cama estava um vulto de uma criança de cabeça baixa, dormindo de pé completamente imóvel. Ensonado cheguei-me ao fundo da cama e estendi-lhe a mão para o puxar…
E o mundo estoirou… a criança levanta a cabeça e não era o meu filho, era um vulto que cresceu desmesuradamente, a fácies sorrindo, um sorriso numa cara branca cinza, os olhos de um negro profundo e um esgar trocista enquanto crescia até ao canto superior da sala… o mundo estourou na minha cabeça e imediatamente ataquei o intruso que se esfumou á minha frente sempre sem deixar de sorrir um esgar de morte enquanto eu escoiceava o ar com murros inúteis.
Parado, de joelhos na cama arfava, coração quase a explodir, de punhos cerrados ainda gemia de terror e combate. Olhava em redor, procurava o meu inimigo, corri para o quarto dos meus filhos e ambos dormiam o sono de criança.
Deitei-me, estava tudo bem e …. passei o resto da noite a ver o sorriso trocista da morte, ainda hoje vejo esse sorriso que brinca comigo tal como uma criança travessa…

O caminho...

Chovia copiosamente. Era Inverno e estava frio, a escuridão da noite abraçava o mundo enquanto eu descia do comboio abandonado aquela luz crua de uma carruagem cheia de almas adormecidas ladeadas por bufos de ar tresloucado. Desci para a plataforma e encostei-me á parede exterior. O comboio recomeçou a sua marcha enquanto mantinha a minha posição, não queria ninguém atrás de mim, a loucura começava a subir.
Envolto no meu velho capote da marinha subia a rua evitando os pequenos riachos que se formavam com aquela chuva impiedosa. A água entranhava-se, ensopava-me o cabelo e escorria gélida costas abaixo.
Ansiava por chegar ao quiosque, aí tinha abrigo, queria fumar, estava cansado, estava desolado, a madrugada já tinha começado e logo teria que estar a pé, precisava daquele cigarro, o estômago, ás voltas, o ácido a corroer-me as entranhas. E a chuva não parava, miudinha e persistente, ensopando o meu velho capote tornando-o insuportavelmente pesado.
Parado, debaixo daquele parco abrigo puxo do meu maço de cigarros e uma lágrima de raiva caiu misturando com aquele pequeno dilúvio de chuva miudinha, os meus cigarros estavam ensopados, o maço meio cheio estava todo ensopado. Puxava-os um a um e só obtinha os filtros tal como se os decapitasse e deitava-os fora num misto de raiva e desânimo. Finalmente um cigarro em condições, o último, já com manchas de humidade que secariam mal o acendesse.
Aspirando sofregamente o fumo que me invadiu de uma falsa alegria, acabando com o meu sofrimento, acabando com a minha dor. Fumava aquele último cigarro ansiosamente, o meu último cigarro do mês, a chuva tinha acabado com o meu stock e já não tinha dinheiro para mais.
Finalmente cuspi o filtro que finalmente se tinha separado, até no fim o cigarro me tinha abandonado, deixando-me na maior solidão que alguma vez tinha experimentado e recomecei a caminhada enquanto que a chuva sadicamente aumentava de volume.
Rua escura e cheia de sombras projectadas por candeeiros meio escondidos no meio da arvores. As sombras dançavam danças macabras como que a me seduzir a bailar ao som da escuridão. Almas penadas que ali passavam e eu no meio da estrada caminhava tentando evitar algo que já nem eu sabia o quê, um passo atrás de outro e a caminhada ia-se fazendo aproximando-me do meu destino.
O último troço de rua, uma subida um pouco maior mas a dar alento por ser a derradeira, a luz dos candeeiros a espelharem-se na água recentemente depositada no negro alcatrão da rua, criando reflexos de prata que iluminavam o caminho, a chuva tinha finalmente parado fazendo com que apressasse o passo.
Entrei de mansinho, tentando não fazer barulho, e sem abrir a luz despi-me na sala onde dormia, olhando para a rua lá fora, vazia e negra, e abanei a cabeça, estava cansado. Puxei a cama debaixo do sofá e estendi-me.
Levei horas a adormecer acompanhado por todos os fantasmas que tinha visto na minha caminhada, eles continuaram atrás de mim no meu sonho, em todos os meus sonhos. E adormeci…..

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Fim...

Está a chegar ao fim um dia que me foi particularmente difícil de passar... são 23:31 de 7 de Agosto de 2008
Hiena Quesilenta

Dia de Passeio

Está um dia de sol, lindo a convidar a um passeio no meio da verdura de um parque em plena Primavera
Saio de casa, não podia perder essa oportunidade, são raros os dias bonitos de passeio, aliás são raros os dias que tenho.
Caminhando nas veredas paro. Ao longe um grupo de jovens mães brincam com os seus rebentos que arrulham de alegria. Parado continuo a olhar, sentindo a dor.
As mãos tremem-me sem controlo, agarro-as. Sento-me no banco e observo o brincar dos miúdos e noto que tenho uma perna a abanar e sentindo a dor a aumentar.
Respiro fundo e a ânsia invade o meu peito tirando-me o pouco ar que inspiro. Respiro fundo acabando por sentir o cheiro de relva fresca acabada de cortar, aquele cheiro característico que me transporta á minha meninice quando brincava no parque da minha terra.
Uma lágrima de saudade escorre cara abaixo e sou obrigado a agarrar as mãos que tremem como se tivessem vontade própria. A dor a subir de intensidade.
Respiro fundo e vejo o negro a invadir os meus olhos, nuvens negras de tempestade que vieram estragar este belo dia de primavera, dia de sol que não podia perder. Ar abafado que me custava a respirar, fazendo-me ofegar e arfar por um pedaço de vida.
Sonolento e cansado deito-me no banco, estava frio, estava só.
Soluço baixinho e adormeço…..

Sines, 7 de Agosto de 2008

O felino




Passeando incessantemente
Barras de aço que aprisionam
Olhos amarelos de medo e ódio
Rugindo em fúrias fugazes
Esmurrando o ar
Garras gastas de tanto andar
Deita-se no canto
Sua jaula fétida
Lambe suas feridas
Chora a sua sorte
Sonha o seu paraíso
Longínquas memórias
Mortas
Como o ar que respira
Suspira
Recomeça o passeio
Sem fim…

Sines, 7 de Agosto de 2008

VOU MUDAR

Apenas que vou mudar o estilo deste blogue... não sei porquê mas estou a ouvir o disco dos Pink Floyd The Dark Side of the Moon....

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Cheias...

Comecei a escrever e deu-me preguiça por isso não vou dizer muita coisa.
Choveu um bocado, poderia dizer bastante mas acho que já vi mais chuva no país do que esta que caiu, o Instituto de Metereologia pode dizer qual foi a precipitação. Nos dias seguintes foram as cenas que todos nós vimos de cheias e inundações e eu para não ficar para trás tirei a fotografia que pude das cheias
E então tirei esta fotografia, estava atracado junto ao Porto Brandão e fixei esta imagem.



Como se pode ver a quantidade de lixo ( o número de canas arrastadas era um espanto) era muito grande o que me pôs a pensar. Se esta coisa coisa foi toda arrastada é porque estava nas linhas de água. E se estavam nas linhas de água será que elas ajudaram no escoamento dessas mesmas águas? Hummmmm!!!! Julgo que não.
Temos tido um Inverno de brincadeira apesar de andarmos a brincar ás cores, alerta amarelo, laranja e etc, ahahaha se for para seguir as cores políticas só falta o alerta rosa e o alerta vermelho.
Se calhar cada vez que a Protecção Civil faz uma alerta amarelo é sinal ás forças obscuras para bater no CDS/PP e quando faz alertas laranjas é para essas mesmas forças baterem no PSD, a teoria da conspiração é um espanto....
Enfim, depois de se brincar aos alertas não se limparam as ribeiras e linhas de água, não se desentupiram esgotos nem nada que pareça, o Inverno até parecia que não existia. E depois???? Está á vista....
Minha mulher e vizinha limparam no fim do Verão a caleira que recebe as águas pluviais que entram na garagem do prédio, desntupiram os ralos. Resultado: zero água na garagem... (tiraram muita terra que lá se tinha acumulado desdo o Inverno passado e o prédio é novo).
Cascais nos anos 80, cheias, inundação, morte. Reajustada a passagem da ribeira e aumentada para melhor escoamento de águas. Resultado: que eu saiba não houve inundações em Cascais, talvez algumas devido á falta de electricidade que se fez sentir e não se poder accionar as bombas de algumas caves.
O resto fica por aí.
Agora está tudo amarelo e laranja outra vez....
Jimmy the Sailor

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Jimmy The Sailor

Eh! Pessoal......
Finalmente publiquei a minha página na net, uma página sobre fotografia. Muito simplezinha, é apenas uma colectânea da fotografia que fui fazendo e ordenada em álbuns temáticos.
Veja então o: Jimmy The Sailor Photography
Por enquanto, as fotos que tenha disponíveis são poucas, estou embarcado, a qualidade delas não foi apurada e o nº não é aquilo que eu pretendo. Mas vou fazendo upgrades ao site podendo aumentar o número de álbuns. Estou inclusivé a pensar em publicar algumas das balelas que escrevi acompanhadas de fotografias.
Se quiserem e estiverem interessados podem subscrever o meu RSS para irem tendo notícias frescas pois á medida que actualizar o site faço um feed (acho que é assim que se diz).

Espero que gostem do meu trabalho....
Abraço
Jimmy the Sailor

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Golfinhos e outros tantos...

Comprei uma pequena máquina fotográfica, barata e em fim de série (por causa do preço) para poder usar profissionalmente sem estragar a minha querida Canon 20D. Descobri que essa pequena Canon Powershot A460 além de fotografar faz uns vídeos engraçados, consigo filmar 5 minutos seguidos. Como costumo fotografar golfinhos nas minhas viagens na costa portuguesa resolvi filmá-los para ver o que saía.
E aqui está o resultado....








Entretanto fui tirando fotografias, a última e mais exótica foi esta:






E entretanto pôs-se a noite e os camaradas continuaram á nossa volta. Armado de máquina e flash lá fui tentando apanhá-los. Tinha a focagem em manual e fixa, todas as definições em manual e quando um golfinho saltava no escuro eu apontava a máquina para a zona (pelo visor não se via nada, era escuro como breu) e disparava a máquina. O melhor que consegui de enquadramento foi isto:





E por aqui me fico...

Jimmy the Sailor






quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Jimmy no Japão

Apeteceu-me mostrar ao mundo um dos meus bons momentos na marinha.

Foto tirada por um camarada em Tsu
Estas três flores de cerejeira, apeteceu-me escrever á japonesa, eram as hospedeiras na cerimónia de entrega do navio. Só posso dizer que estava encantado . . . .

Afinal temos...

1º ministro...
Ouvi hoje (9 de Janeiro 2008) uma notícia muito engraçada na SIC:
" Desde que Sócrates é 1º ministro Portugal já perdeu 19.000 empregos..."
Realmente vai um bocado contra as promessas do nosso 1º. Mas o mais engraçado é que o governo contra-atacou imediatamente com o argumento que:
"não é verdade, não se perdeu este nº de empregos, o que aconteceu é que aumentou a população activa...."
Das duas uma, ou temos um governo representado pelo seu chefe, o camarada Sócrates, como pretendente aos Globos de Ouro no tema cómicos ou então temos desemprego porque o nosso povo tem sido muito prolífero ou, finalmente, andamos a receber muitos imigrantes...
Vou fazer como naquelas noticias que se vêm na televisão... " NO COMMENTS...."