segunda-feira, 18 de maio de 2015

Voava

Voava sobre o oceano
Sentindo o vento a uivar aos ouvidos
Uivos e lamentos de alma sofrida
Voava sobre o oceano de mar azul
De espuma branca
O espírito corria livremente
Tocando a crusta das ondas
Sentindo o frio das águas
Voava sobre o oceano
Preso por correntes, grilhetas de vida
Voava como um preso voa em sonhos
Liberdade nunca tida, nunca alcançada
Voava sobre o oceano
A fome a apertar, a sede a enlouquecer
O vento uivante rugia a sua fúria
No ar, no alto via a vida, espraiando-se
No horizonte longínquo
Asas firmes num voo planado, exaustivo
Olhar penetrante, bico afilado
E nada á vista, o vazio
A fome
A sede
A loucura que tudo escurecia
O sol escondia-se, cansado
As sombras invadiam o dia
Voava sobre o oceano de negras águas
O céu já se confundia, a terra desaparecia
O negro tudo cobria, engolindo a vida
Voando, exausto, nadava na escuridão
De uma noite sem fim
De uma noite fria
Sem estrelas
Sem luar
Apenas eu, a voar sobre o oceano.


17 de Maio de 2015

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Nobita escreveu: