quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sentado olhava....

Sentado olhava
Alma cinzenta e destroçada
Mil pelejas cicatrizavam purulentas
Olhar o nada, vazio e perdido
Toda uma vida discorria
Um episódio, um sorriso, outro, um esgar
Olhava o futuro
Sem alento
Cansado
Tremendo
Levanta-se pesadamente
O peso da vida numa carcaça velha
Ossos calcificados rangem o seu protesto
A dor volta
Lenta e insidiosa
Um passo, uma nova conquista
O sol há muito se pôs
Sombras negras envolvem a escuridão
A noite aproxima-se enfim
Sem estrelas, sem brilho
Outro passo
E o vento sopra numa aragem
Gélida, cortante
Abrindo chagas na alma
Dorida
Outro passo e olha o céu
Um brilho tenta furar a escuridão
Luta com as trevas
Ele reconhece a deusa
De face serena e pálida
De sorriso quente e terno
Sorri, sente-se criança outra vez
Embalado por aquela luz
Fria e cinza
De uma lua árida
Que o embala num sono profundo


Sines, 13 de Dezembro de 2009

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Nobita escreveu: