Realmente a morte tem rondado o meu clã o que me faz pensar que mais tarde ou mais cedo será a minha vez. Como dizia o outro, é a única certeza que temos nesta vida. Mas gostamos de pensar que não, só acontece aos outros. Vai chegar e quando for o dia só espero estar preparado. Mas como ía dizendo a morte ao rondar as minhas redondezas faz-me pensar nela e o que eu gostaria que acontecesse ao meu corpo. Pessoas dizem que querem ser cremadas, sou totalmente contra, outras doam o corpo. Outras vão para o jazigo de família, se calhar á espera de jogarem á sueca com os outros que já lá estão. Eu digo, por piada, que gostaria que o meu corpo fosse triturado e fosse transformado em ração de gato para ser distribuído pelos gatos da rua, pelos gatos necessitados e sem abrigo.
Claro que esta ideia desenvolveu logo uma cena dos próximos capítulos em que, numa noite de lua cheia, os gatos que se tivessem alimentado da ração felino-jimóide se reuniriam á volta da minha casa miando longamente um chamamento á minha chorosa viúva. Um bocado cena de filme de terror estilo Hollywood mas fez-me rir só de imaginar a minha cara-metade na varanda ao luar a ver a minha focinheira nos gatos ondulando na escuridão da noite com aqueles miados que parecem uma criança a chorar. No fundo eu sou uma criança grande.